Carreiras Reais: Ana Paula, de executiva da área comercial para o desenvolvimento humano

Bettyna Gau Beni
Consultora e cofundadora da Evoluigi

A conversa com Ana Paula começou lá nos tempos em que ela era mais jovem, muito muito tímida. Ela me contou que não marcava nem consulta médica porque tinha vergonha de falar ao telefone.

Na época de prestar o vestibular, influenciada pela tia publicitária mas com a indecisão que é comum em muitos de nós, escolheu Psicologia, Administração e Publicidade, Rádio e TV. Ela passou em quase tudo, mas acabou optando por Propaganda e Marketing, embora até hoje brinque com a história de ser uma psicóloga frustrada!

Seu primeiro trabalho foi um estágio na área de telemarketing. Imagine o tamanho do desafio para quem tinha vergonha até mesmo de marcar uma consulta por telefone! Enfrentou seus medos e, aos poucos, foi se encontrando.

A sua segunda experiência profissional foi um tanto quanto traumática. Encantada pela área de vendas, ouviu de sua empregadora, em uma loja de roupas de grife onde era vendedora, que ela não havia nascido para aquilo.

Depois disso Ana Paula ainda trabalhou em uma agência de publicidade e deu o seu salto para atuar na Editora Abril, onde desenvolveu uma brilhante carreira na área comercial, vendendo projetos, atendendo clientes, conhecendo pessoas novas, pensando em ideias e soluções diferentes para cada demanda. Amava aquela vida!

Fez uma pós-graduação na área de Marketing, trabalhava muito e sentia-se reconhecida.

Teve a oportunidade de passar por diversas áreas, atuar em diferentes projetos e nunca havia voltado a sua atenção para a gestão. Mas, um belo dia, a sua gestora, Selma, começou a despertar o olhar de Ana Paula para a gestão, incentivando-a a desenvolver as suas soft skills (competências humanas). Foi quando ela percebeu que havia uma oportunidade interessante ali.

Trabalhou com grandes agências e teve grandes contas sob a sua gestão. Como reconhecimento pelo seu trabalho, recebeu o convite para fazer a gestão de um grande time dentro da própria editora. Se aperfeiçoou na gestão de times a partir da liderança de diferentes pessoas, em diferentes níveis de senioridade. Sentiu a necessidade de se qualificar ainda mais e fez um MBA em Gestão de Pessoas e Negócios.

Ana Paula conta que aprendeu muito e aos poucos foi percebendo e ajustando a sua forma de gerir pessoas para melhor contribuir com o time. Descobriu que ser congruente, falar as verdades, ainda que fosse difícil, seria a única forma de contribuir verdadeiramente para o crescimento e desenvolvimento das pessoas.

Tudo estava indo muito bem, 20 anos de empresa, até que houve uma mudança no comando da editora. Muda a liderança, muda-se a forma de trabalhar, mudam-se os valores. O que era importante para Ana Paula já não fazia mais sentido. Ela não se considerava mais conectada com as histórias daquele lugar.

Como toda mudança leva tempo, ela demorou para admitir para si mesma que estava na hora de buscar um novo caminho.

Nessa mesma época ela era aluna em uma pós-graduação de coaching holístico e também já havia passado por um processo de coaching que a havia ajudado a ressignificar algumas coisas.

Observando os seus colegas e amigos de trabalho sendo demitidos dia após dia, Ana Paula sabia que chegaria a sua vez. Ela tinha somente uma certeza: quando chegasse a sua vez, ela queria buscar outro caminho, fazer outra coisa da vida, ainda que não tivesse nenhuma garantia de que daria certo.

Quando finalmente o dia da sua demissão chegou, ela passou muito mal. Totalmente compreensível, já que tinha construído uma longa história naquele lugar. Um lugar onde foi muito feliz durante 20 anos.

Mas agora tinha todas as oportunidades do mundo à sua frente. Poderia fazer o que quisesse!

Viver o luto foi um momento desafiador. Embora quisesse viver coisas novas, não sabia nem por onde começar. E, claro, havia a preocupação com a questão financeira.

Acabou por encontrar apoio em lugares onde não esperava. Aprendeu que devia continuar seguindo apesar do medo.

“_Aceitei os convites da vida. Eu sabia que de alguma forma ia dar certo.”

Fez diversos cursos e formações na área do comportamento humano. Aceitou o novo sem travas, ampliando o seu olhar.

Aceitou o convite do Alexandre, seu irmão e grande motivador, para fazer a gestão de um núcleo de aprendizagem, o Núcleo Syntese. Entrou para um grupo de estudos sobre mentoria, enfim, tudo era motivo para Ana Paula se engajar, querer aprender.

“_ Fui colocando ferramentas no meu cinto para apoiar as pessoas e me fortalecer.”

Ana Paula entendeu que mudar dói, mas que ficar parada pode doer mais ainda. A apatia dói. Ser lançada para a mudança dói.

Com todas as reflexões e aprendizados, Ana Paula foi empreendendo, abrindo muitas janelas, experimentando de tudo um pouco.

E agora, de uns meses pra cá, ela se vê no seu momento de fechar algumas destas janelas, refletir e entender de fato o que faz sentido para a sua vida.

Tem atuado como mentora em projetos para diversos clientes e também de forma voluntária, além de facilitar diversos treinamentos em grupo. E tudo isso pra que? Para cumprir o seu propósito.

_”Eu demorei para  me reconhecer nos papéis que eu queria ter na minha carreira.”

Ana Paula conta que a sua minha maior dificuldade é saber e nomear a sua profissão, se é que ela precisa disso. Está justamente no momento em que busca o encontro consigo mesma. Acredita que a maturidade vai ajudando nesse caminho e que a energia flui quando fazemos escolhas.

Ela sabe que não é possível ser feliz o tempo todo, mas também sabe que ela pode escolher. E isso faz com que tudo fique mais leve.

“_ As pessoas crescem e se responsabilizam quando fazem escolhas.”

Ana Paula conta como foi difícil fazer uma transição de carreira e entende que as novas gerações, como as de seu filho, serão mais livres para escolher e navegar em diversos lugares.

Sobre o que é sucesso:

“_ Tem um lado que é fazer algo que gosta e ser remunerada por isso, viver disso. Dinheiro é importante para realizar sonhos. Mas sucesso é por dia, tem dia que é sucesso, tem dia que não é.”

Se ela se considera uma pessoa de sucesso?

“_Quando eu olho e vejo que faço o que escolhi e que sou remunerada por isso, eu penso que, sim, tenho sucesso hoje. Agora estou começando a colher os frutos, ter reconhecimento. Me reconheço naquilo que faço e percebo que tenho valor. Sucesso não é algo fixo, você vai se “ensucessando”!”

Pessoalmente amei a fala da Ana Paula sobre se “ensucessar”. Vou levar pra vida!

Quer conhecer um pouco mais da Ana Paula? Visite o seu perfil.

Bettyna Beni é Mentora de Vida & Carreira.  Sócia e consultora na Evoluigi. Sua paixão é apoiar pessoas na jornada do autoconhecimento para que elas cuidem da vida pessoal e da carreira, com olhar atento às saúdes emocional, espiritual, física, financeira, social, intelectual, familiar e profissional.
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